O UniBH, por meio do seu Curso de Medicina, realizou, no último mês de junho, mais uma edição da Missão Amazônia. Foi a sétima vez que a equipe se deslocou para a região norte do país, com o objetivo de levar o mínimo de atenção à população ribeirinha, que é tão escassa de atendimentos, especialmente na área da saúde.
A equipe de voluntários, desta vez, visitou a população que reside às margens do Rio Tapajós, no Pará. Devido à localização geográfica remota, a população ribeirinha tem um acesso difícil a serviços básicos de saúde.
O objetivo da expedição foi identificar riscos, vulnerabilidades e potencialidades para que, futuramente, seja possível intervir de forma mais assertiva nos problemas de saúde e necessidades da região. A falta de continuidade no atendimento pode levar ao agravamento de enfermidades que seriam facilmente tratáveis em contextos urbanos.
"A carência de profissionais de saúde nessas regiões agrava ainda mais a situação. Programas de incentivo para atrair esses profissionais para áreas remotas nem sempre são suficientes para suprir a demanda, resultando em atendimento irregular e muitas vezes inadequado. Pensando em mitigar as dificuldades desta oferta, a Missão Amazônia levou profissionais especializados e acadêmicos, que conheceram a realidade dessas comunidades e atenderam, ao longo de 10 dias, as demandas desse público”, conta o médico e professor Nathan Souza.
A ausência de infraestrutura adequada e a dependência de meios de transporte fluvial, por exemplo, tornam a chegada de profissionais de saúde e suprimentos médicos na região um verdadeiro obstáculo.
Durante a expedição foram realizados em torno de 2 mil atendimentos, divididos entre as áreas de pediatria, medicina de família e comunidade, ginecologia e odontologia.
Forte experiência
Adriano Ayres, aluno do 7º período do curso de Medicina do UniBH, foi um dos 30 estudantes selecionados para participar da Missão. Além dos aprendizados técnicos, estar na expedição lhe mostrou um Brasil que não conhecia. Um povo de grande riqueza cultural, mas, infelizmente, de igual tamanho na pobreza e falta de recursos.
"Conheci famílias que para receberem atendimento médico básico, precisavam viajar três horas de lancha. Famílias de sete a dez pessoas dividindo uma mesma escova de dente. Pacientes que sentiam dores estomacais e descobrimos que era de fome. Quando nosso barco chegava éramos recebidos com grande alegria e quando íamos embora víamos a tristeza em seus rostos, porque não sabiam se iríamos mais retornar".
De acordo com Adriano, a experiência vivida será fundamental para sua formação profissional. "É sair da nossa zona de conforto, da nossa bolha. Um aprendizado que vai além da medicina, um aprendizado de vida. Voltei de lá muito reflexivo sobre qual o papel do médico na vida das pessoas, e entendendo que todo médico em formação deveria viver uma experiência como essa para ter mais empatia, se colocar no lugar do outro", conclui.